quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Pesca com vinis às bailas

Como já há mais de um mês que nem o tempo, nem o mar têm deixado pescar, para além de ter estado em época de frequências, que finalmente terminou, resolvi escrever sobre algo que faço geralmente no Verão, apesar de nas outras três estações já ter resultado.
Isto é, uma pesca com amostras de vinil virada às bailas.
Aqui fica uma foto duma baila, para ajudar à sua identificação.



O que de seguida irei descrever é a maneira como pesco, materiais que tenho usado, baseado na minha experiência pessoal, não sendo de maneira nenhuma técnica original ou 100% certa que venha descrita em livros de pesca desportiva, pode até ter incorrecções.
É antes uma "técnica" que uso que advém de outras, juntamente com experiências vividas e que produziram resultados concretos e relativamente consistentes.
Irei então tentar descrever quando, onde, como, e que materiais utilizo neste tipo de spinning, ou deveremos dizer, mais correctamente, pesca com amostras artificias?
Na região onde costumo pescar, na praia das Bicas, Meco e Lagoa de Albufeira, as bailas são uma espécie predadora que coexiste com o seu primo robalo, capturando-se com alguma frequência, na experiência que tenho, especialmente nas zonas de areia, apesar de já as ter capturado em zonas de fundo rochoso.
Por vezes as bailas deslocam-se em cardumes, o que, quando é o caso, nos pode proporcionar várias capturas e ataques num curto espaço de tempo.

Situação

Quando o mar se encontra relativamente calmo, mas com as ondas a rebentarem junto da margem com força, e remexendo bastante areia ao rebentar (Situação, a meu ver mais comum em praias de grande declive, como a Praia das Bicas).
É quando opto por utilizar esta técnica, que produz alguns resultados.
Nos dias em que o mar rebenta longe e cria aqueles longos mantos de espuma, que bastante se diz serem propícios para o robalo, nunca fui bem sucedido com esta técnica, no entanto, creio que é possível serem capturadas na mesma.
A melhor imagem que consegui arranjar, apesar de não ser a melhor, nem de representar fielmente as condições que quero aqui descrever, foi esta:


Nesta situação acredito que as bailas se alimentam mesmo junto da margem, aproveitando a comida posta a descoberto pelo revolver das ondas.
Na realidade, quando opto por este tipo de técnica, o mar normalmente "parte" com mais força na margem, levantando mais areia, e fazendo uma maior zona de rebentação do que na imagem acima.
Logo, é normal que ao pescarmos com uma técnica que explore mais esta zona específica, que as probabilidades de as capturarmos aumentem, e é isso que quando pesco com o vinil tento fazer.

Canas, carretos e fio:

Uso o meu material regular de spinning, a cana Lucky Craft LCF , junto com um carreto Shimano Twinpower 4000 FB. Um carreto leve, e que não tenha uma recuperação demasiado alta servirá.
Em relação à cana, apesar de ligeira, é indicada para jerkbaits e amostras rígidas, tornando-se demasiado pesada e pouco sensível para esta pesca, apesar disso "desenrasca" bem.
Uma cana como a Lucky Craft ESG, a Hiro Magister Lure, entre outras, com acções mais leves, finas, ligeiras, e sensíveis, adequam-se melhor.
Em relação ao fio, uso na mesma o multifilamento Berkley Fireline 0,17 mm, mas qualquer outro de boa qualidade e diâmetro não excessivo, a meu ver resulta bem, existindo várias alternativas como o Power Pro, Varivas, Spiderwire, Highseas Grand Slam, etc...
Continuo a utilizar um baixo de fluocarbono, com cerca de 40 cm's ou mais, dependo de a água estar lusa ou não.
Em relação a marcas, utilizo Seaguar, nas medidas 0.33 mm, apesar de achar que diâmetros mais finos, como um 0,25 mm, possam trazer vantagens a este tipo de pesca, ainda não tive oportunidade de testar.

Amostras de vinil, anzóis e lastro:


Em relação à montagem, executo uma montagem Texas normal, com a única diferença de em vez deusar um chumbo bala, usar um chumbo redondo furado de 10 gramas, isto simplesmente porque foi os que até à data arranjei com este peso, nunca tendo encontrado chumbos bala com 10 gramas ou mais, apesar de acreditar que existam, por isso, acredito que o chumbo bala, com o peso adequado resulte na perfeição.
Em relação às amostras tenho tido resultados especialmente com dois modelos (talvez porque tenham sido aqueles com que tenho insistido mais, e que passaram mais tempo na água) sendo eles as Zoom Super Fluke (12 cm's) e as Slug-Go de 11 cm's e o modelo maior de 15 cm's.


A amostra que mais uso, Zoom Super Fluke, na cor ice.


Promenor da coloração.



Outra cor que já me deu resultados, no mesmo modelo de amostra, na cor pearl white.

Tive sucesso com estas cores tanto de dia, como de noite, apesar de à noite ter realizado mais capturas, mesmo com águas tapadas, por isso, nesta "pesca" para mim o branco e os tons de branco com brilhantes são as primeiras a ir à água.


Nesta foto, podemos ver uma Super Fluke, juntamente com o peso de 10 gramas que uso, e os anzóis que também mais vezes utilizado:
- O 1º (a contar de cima) é o que mais gosto, tanto em tamanho, como em formato e qualidade (apesar de muita gente os considerar pequenos, não tenho tido razões de queixa) e são os Gamakatsu EWG nº 3/0. Picam bem e não perdem a picada depois de uns banhos, adaptam-se muito bem a este tipo de amostras, são resistentes à corrosão e fortes.
- O 2º é o Gamakatsu WORM 314 MB nº 4/0, com as mesmas características do anterior mas com um formato ligeiramente diferente, gosto de usar mais estes com os slug-go e amostras mais finas, em situações que possa deixar o bico do anzol de fora (como a pescar na areia).
- O 3º é da marca Cannelle, modelo Vanadium 5316K nº 3/0, têm uma qualidade bastante inferior aos anteriores, não sendo tão resistentes nem com um bico tão afiado, no entanto, por o preço de 5 Gamakatsu, compra-se uma embalagem de 20 anzóis destes, sendo a escolha mais económica, mas de menor qualidade.



Em comparação, uma Slug-Go de 12 cm's já montada e juntamente com os anzóis mencionados anteriormente.


Aqui fica o registo das Slug-Go de 15 cm's, que uso quando as águas estão mais tapadas, as ondas a quebrar com mais força na areia e o mar mais levantado que o habitual, ou quando já experimentei as amostras mais pequenas e não obtive resultados, pois neste tipo de pesca normalmente começo com as amostras mais pequenas, e não com as maiores. Em relação às cores, deixo o preto com brilhantes para as noites escuras e águas muito tapadas, depois de tentar o branco com pontos pretos (que foi o mais similar que encontrei neste modelo à cor ice das Super Fluke, de que eu tanto gosto), que uso tanto de dia como de noite, águas lusas ou tapadas (excepto se muito tingidas).
Os anzóis neste caso, são do mesmo modelo que os outros, mas com tamanhos maiores.


Comparação entre as Slug-Go de 11 e 15 cm's, e a Super Fluke de 12 cm's, a régua é de 15 cm's.

Montagem


Como já referi, faço uma montagem Texas simples, como explicam nestes vídeos:






Coloco o peso antes de empatar o anzol, como no segundo vídeo, com a diferença de usar um chumbo esférico, ficando este a deslizar livremente na linha, mas ao ser lançado e trabalho, ira mover-se junto à amostra.


Depois utilizo o nó Clinch para ligar o terminal ao anzol já montado na amostra, mas podem ser utilizados outros nós, como o Palomar por exemplo, que é até considerado superior.


Exemplo de como executar o nó Clinch.

Tenho sempre o cuidado de deixar o nó, quando possível, dentro da própria amostra, para evitar que o chumbo bata no nó, enfraquecendo-o.




Aqui está o exemplo de uma Super Fluke já montada.

Animação:

Ao pescar com este tipo de amostras e pesos (cerca das 10 gr), os lançamentos nunca serão muito longos, o que na minha opinião não é muito importante, pois o objectivo é aquela faixa junto à margem onde as bailas com as condições de mar acima descritas, poderão vaguear.

A animação que utilizo é bastante simples, faço uma recolha lenta, dando toques pausados entre eles, para a amostra se levantar do fundo, e espero um ou dois segundos, para que ela volte a descer.
A grande maioria das capturas que fiz foi com este tipo de animação, simples e lenta, pois o objectivo é a amostrar trabalhar o maior tempo possível dentro da zona alvo, e por vezes, eficaz.



Aqui está toscamente representada o tipo de acção que eu estava a referir, sendo que se pode alterar entre o tempo esperado entre os toques, assim como fazer pausas deixando a amostra imóvel no fundo por momentos.
Por vezes o jogo entre as pausas, toques e recolha linear é a chave.
Apesar de por norma não realizar grandes variações ao usar esta técnica, elas são possíveis, e por vezes podem salvar a "grade" e dar uma boa surpresa, ou transformar uma pesca medíocre numa excelente pescaria, pois o peixe pode só atacar a amostra se ela se comportar de determinada maneira, mas isso é algo que nunca tempos como certo.



Concluo esta partilha com a maior baila que capturei em 2008, usando esta técnica, descrita noutro post.
Quero relembrar, mais uma vez, que o que aqui escrevi não é nada mais nada menos que a minha opinião, e isso vale o que vale, este texto baseia-se nas minhas experiências e resultados e não quero de forma alguma que o que aqui esteja escrito seja interpretado como uma regra. Ou como ensinar a pescar, desta forma ou daquela, porque assim é que se pesca bem e está correcto.
Existem N formas de pescar com amostras artificias, esta é apenas mais uma.
É essa diversidade que faz da pesca com amostras algo tão viciante.
As "regras" quase universalmente aceites em relação às cores das amostras, animações, situações em que se devem usar, etc...existem, e possivelmente escrevi algumas coisas que contrariam essas regras, como usar a cor branca em águas tapadas, e de noite, mas mais uma vez, foram soluções que comigo resultaram com regularidade, e como tal, tive o maior gosto em transmitir as minhas experiências a quem visitar este blog, e ler esta partilha.

Até ao próximo lance!

E lembrem-se!



É hora de nos unir-mos e lutar por um Mar que é de todos!







8 comentários:

Fernando Corvelo disse...

Pedro,

Tens aqui um bom post. Simples, prático e muito elucidativo.

Ab amigo,

Fernando

Gouveia disse...

Pedro,

muito bom artigo, muitos parabens.
Tenho alguns vinis na sua maioria senkos (nos quais deposito esperança em weightless) e uns shugdderbait da deps e ainda os Xlayer, sinceramente nunca usei a serio, não sei explicar bem porque (se calhar para evitar ter que comprar a tal ESG), mas refletindo a frio talvez seja uma pesca bastante eficaz, os franceses usam na muito, tenho alguns pesqueiros que seja muio bons com esses vinis.

Obrigado pelo incentivo e parabens pelo artigo que está bastante melhor que algum sobre o assunto que tenha saido em alguma revista portuguesa,

Um Abraço,

Antonio Gouveia.

Pedro Russo Baião disse...

Obrigado pelo feedback pessoal.

Gouveia, em relação aos vinis, use.
Eu antes de ter esta LC,pescava com uma Hiro Minerva Lure de acção 20-60 gr, muito menos adequada, e usando cabeçotes (jigheads) de apenas 5 e 7 gramas consegui bastantes capturas, tanto de robalos e de bailas, em zonas de rocha e também de areia.
Às vezes, mesmo que o material não seja o adequado, as técnicas podem resultar na perfeição, por isso, invista nesses X-Layer,são uma amostra fantástica.
A baila da 1º foto foi capturada com um e com o respectivo jighead amarelo de 5 gr, e a tal cana da Hiro!

Cumprimentos!

Apneialusa disse...

Ola Pedro,
Só posso dizer que foi uma optima lição para mim que me estou a iniciar nestas técnicas.

Da minha experiencia dentro de agua posso dizer-te que vejo muitas bailas nas bicas, mais até que robalos. Costumam ser até mais agressivas na aproximação. Vejo-as é quase sempre nas pedras mais fora e junta a terra é mais robalotes
Se do lado norte das bicas houver maneira de fazer bons lançamentos tipo ao nivel dos penedos talves dê mais algumas bailazitas

Vitor

Pedro Conceição disse...

Muito bom Pedro, parabens.

Abraço
Pedro

xandre disse...

Boas,

Eu venho aqui dar os Parabéns pelo o Post e pq hoje é dia 10 e nosso "puto" faz anos.

Parabéns amigo Pedro .... Russo
Abraço
xandre

Carlos Fazenda disse...
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Carlos Fazenda disse...

Não podia deixar de te dizer esta palavra... Bravo !!!

Abraço

Carlos Fazenda