segunda-feira, 30 de junho de 2008

Black Bass - First Strike

Depois de uma manhã aos robalos que resultou numa grandiosa grade, aceitei o convite para me ir estrear aos black bass com material adequado e amostras adequadas também, já que a única vez que tinha pescado a estes bichos foi durante o Verão passado em Castelo de Bode, usando o material que na altura tinha de spinning aos robalos, e uma Rapala Shad Rap com 20 anos que andava cá por casa. Verdade seja dita, andei 7 dias para apanhar 2 achigãs, um grandito, e outro que parecia um carapau, ambos libertos claro.
No sítio onde pesquei desta vez utilizei várias amostras, especialmente vinis sem peso (senkos, flukes, e mais uns quantos), também gostei de utilizar os spinnerbaits, os gajos saíam disparados do meio da vegetação para aniquilarem os spinnerbaits, deu-me um gozo do caraças.






Não tem comparação utilizar uma cana de spinning para achigã de 1,80 m e um carreto de tamanho mais pequeno, it's top class!
E a luta que eles dão é realmente bonita, com cada salto! Very Happy
Todos os peixes foram libertados.
Já me informaram que é errado colocar o peixe no chão antes de o libertar, para a próxima terei os cuidados devidos no manuseamento dos bichos antes de os soltar. É com os erros que se aprende! :)

Até ao próximo lance!

domingo, 15 de junho de 2008

Estreia de material e história surreal

Trabalhava eu no estudo de caso que tenho que completar durante o meu estágio no serviço de ORL (otorrino) no Garcia de Orta durante a tarde quando o senti aquela "faísca". Estava uma tarde soalheira e bastante calor. Deve-se estar tão bem junto ao mar pensava eu, mas tinha que continuar o trabalho...
Uma hora mais tarde foi mais forte do que eu, a vontade de ir ao Mar, aquele ritual que tanto aprecio e também a vontade de testar a minha nova aquisição, a cana de spinning da Lucky Craft, modelo LCF de 2,90 m e com uma gramagem de lançamento de 10 - 30 gr, agarrei em mim, no material, e rumei sozinho à zona das Bicas como já não fazia há tempos.

Um dos spots que mais gosto.

Comecei a pescar por volta das 19:40, a água estava mexida mas bastante tapada, mas era daqueles dias em que estava com aquele "feeling".


A nova aquisição, Lucky Craft LCF 2,90 m c.w 10-30 gr, acompanhado do meu fiel Daiwa Laguna Sea Bass 3000.

Fui batendo uma zona rochosa, comecei pelas amostras de superfície, mas como não vi nenhuma actividade nem nenhum ataque, passei para o vinil enquanto ainda havia luminosidade, mas não, nem um toque.
Então, mesmo antes do cair do Sol, já que as águas estavam tapadas decido meter a "good old" Flashminnow 130 na cor MJ Herring, e lança-la para o meio de duas pedras submersas, onde aparentemente a escoa da água fazia uma corrente considerável, e quem sabe, o barulho das esferas da amostra poderia despoletar o ataque de um "sea bass" que por ali anda-se emboscado.
1º lançamento nada, apenas um molho de algas.
2º lançamento, mesmo a rasar uma das pedras....recolho 3 ou 4 maniveladas, dou 2 toques secos na amostra e paro-a. Sinto alguma coisa, e ferro instintivamente. TRÁS! Já está, o robalo começa a sua luta, dando uns bons arranques e levando ainda alguma linha ao meu Daiwa.
Depois de algumas cabeçadas e arranques, consegui traze-lo até à superfície, pensei que a luta já estivesse quase ganha. Era um bonito peixe, estimei que tivesse talvez um pouco mais que 2 kg, a cana estava a portar-se lindamente, que vara fantástica, tanto no laçamento e sensibilidade a trabalhar as amostras e leveza, assim como no combate com o peixe.
Mas quando eu pensava que a balança pendia para o meu lado, o robalo deu uma sapatada com a sua cauda e desferrou-se. E lá foi ele embora.
Bem, fiquei um pouco chateado pois tinha deixado a linha perder um pouco de tensão e a culpa provavelmente foi minha, mas fiquei com um sorriso na cara. Finalmente de novo um combate com um robalo, já tinha saudades, e umas vezes ganhamos nós, outras eles.
A maré estava a encher e o mar tinha força, decidi fazer mais 3 lançamentos antes de mudar de poiso, pois estava a escurecer e não me apetecia andar a fazer escalada às escuras e com as ondas a partirem demasiadamente perto.
Ao 3º lançamento, ao último, para o mesmo sítio, enquanto recuperava a amostra aos toques, TRÁSSSS! Ferro um robalo, deu umas cabeçadas valentes, e deu trabalho a sair, pois tive que o ir encalhar para o conseguir tirar, mas este não desferrou. A cana portou-se lindamente, safei a grade finalmente!


O adversário, pena a foto ter ficado desfocada.


Depois da luta, há que agradecer aos Deuses do Mar.



Fiquei contente, e saí dali, era altura de ir até à praia fazer mais uns lances antes de ir embora.

Quando cheguei ao areal vi que havia bastante gente a pescar ao fundo.
Coloquei-me ao lado de um colega, uns metros afastado e fui fazendo uns lançamentos para uma zona de espumeiros, até que vejo o colega pescador agarrado a uma das suas canas de fundo a correr em direcção ao mar, com ela toda vergada.
"Olá, temos aqui torpedo" Pensei eu.
Pousei as minhas coisas, e fui andando até ao camarada.
Meti conversa com ele "Então tem aí uma bizarma ferrada!"
- "Epá pois tenho, isto deve ser um ganda safio, tou a pescar com 0,60 mm da madre, e 0,50 mm no estralho, e tou a iscar com pedaços de cavala!"
Enquanto iamos falando, o carreto ia guinchando com os arranques o "torpedo" dava, impressionante, foi a primeira vez que ouvi um carreto de fundo berrar daquela maneira, afinal as histórias eram verdade.
O camarada surfcaster lá ia atrás da cana, perigosamente para junto da rebentação!
- "Amigo tenha calma, fique cá em cima, ele não foge, nós os 2 tiramos isso, mas não se encoste tanto ao mar que ainda vem uma onda e depois ainda acontece um acidente!"
O pescador mantinha-se calmo apesar dos arranques brutais que por vezes o bicho tinha.
E lá iamos os 2, corremos umas boas dezenas de metros pela praia fora, seguindo os caprichos do "torpedo".
- "Amigo, quando sentir que ele está mais perto, e quando vier uma onda grande, recolha para o tentar-mos encalhar!"
- "Epá! Não o consigo tirar!"
- "Vá nós conseguimos, vá que até tenho ali a máquina e tiramos depois umas fotos! Que animal que isso deve ser!"
Ás tantas, o camarada lá sentiu a linha mais perto da margem...
- "Amigo, vou acender a lanterna, que se lixe, mesmo que não se apanhe mais nada este bicho há-de valer a pena!"
- " Aprovei-te agora, aprovei-te agora a onda! Recolha!!!"

E o amigo assim fez....segui a linha com a lanterna, a cana vergou subitamente para terra, sinal que a onda tinha arrastado o nosso ilustre desconhecido para terra.
Corri com a lanterna acesa, tentando perceber onde ele estava, e ei-lo.
Um vulto grande, pareceu-me ser , na confusão da espuma e da escoa da onda, um enorme safio. Com a sua enorme cabeçorra, senti o coração disparar, não era a minha captura, mas podia ajudar aquele companheiro surfcaster, a sacar aquele bicho.
Quando cheguei ao pé do vulto dei-lhe um grande pontapé para ver se ele subia mais um pouco, mas nem se mexeu um cm, quando ficou a seco de vez, apontei a lanterna enquanto lhe tentei pisar a cabeça e eis que....

.....me deparo com um tubarão! Um enorme cação, de cor bronze, ali encalhado aos meus pés, um esqualo! Filh da pu**! É um cação! Gritei eu!
Um vaga sobe até nós, o bicho é arrastado contra as minhas pernas, e a ponta da minha bota fica perigosamente junto da boquinha do amigo, senti uma prisão! Mordeu-me! Tentei libertar o pé e consegui, e dei 2 saltos para trás, tal não foi o "cagaço".
Corri novamente para ele e tentei jogar-lhe a mão ao rabo para depois o arrastar para a zona onde as ondas não chegassem, mas entretanto uma onda grande subiu até nós, o bicho é arrastado de volta para o mar, passa-me junto ás pernas, ainda lhe joguei as mãos ao lombo e senti aquela pele áspera como lixa, característica dos esqualos, mas foi tarde demais, o 0,50 do estralho cedeu perto do nó da laçada.
Foi uma pena.

O bicho era desta espécie, e um pouco mais pequeno que esse.


Aqui fica uma foto de boa qualidade, de um exemplar de um cação de dimensões maiores.

O amigo surfcaster permaneceu calmo mais uma vez, e reconheceu que teria sido muito difícil tirar um bicho daqueles, muito menos quando não se está à espera. Mesmo assim fiquei a sentir-me culpado, se ao menos lhe tivesse conseguido agarrar o rabo, agora este relato era ilustrado por uma foto magnífica, não é todos os dias que se vê um animal daqueles!
Depois do "pó" assentar, fiquei à conversa com o senhor, pescador experiente daquela zona, mas que apesar de pescar ali há bastantes anos e já contar com robalos grandes e bons safios nos seus palmarés, não se lembra de ninguém que tivesse ferrado um cação por aquelas bandas.
Que aventura! É por estas e por outras que o Mar nunca me cansa, e desta vez, foi uma surpresa e pêras! Quem diz que a pesca não é um desporto de emoções fortes? Ah e é verdade, nunca, mas nunca mais gozo com a malta do surfcasting, ganhei-lhes respeito!
Um brinde a eles!



Aqui fica a foto do pescador do cação, salvo erro o senhor António Manuel (se estou em erro, se você ler isto, deixe-me uma mensagem a corrigir) com uma baila que tinha tirado antes, estas fotos já foram depois do "grande combate".

Até ao próximo lance, com ou sem cações!